Muitos acabam por desistir do rótulo de “dieta”, em favor do “estilo de vida”. Talvez isso aconteça porque a nossa noção popular de dieta tornou-se distorcida e confusa. Isso implica uma luta, enquadra cada refeição como um desafio a superar, tendo como principal sinônimo restrição, o que é errado. Dieta é o conjunto de alimentos e bebidas ingeridos usualmente por uma pessoa. A palavra "dieta" tem origem no latim diaeta, que vem do grego “díaita”, que significa "modo de vida".
Um estilo de vida do whole food plant based diet (WFPB) é diferente. Não é uma punição de curto prazo cobrada pela culpa. É simplesmente um retorno a alimentos integrais, sabores ricos e saúde natural.
Apesar do termo correto ser em inglês eu prefiro sempre abrasileirar e falar em “alimentação baseada em plantas”, a partir do nome simplesmente é possível pensar no veganismo, mas ela não é definida apenas pelo que elimina. Uma dieta WFPB é definida também pelo que enfatiza: uma grande variedade de alimentos integrais.
É o consumo de alimentos in natura e minimamente processados. Na prática, é comida de verdade, que não teve nenhuma alteração na forma do alimento, sendo igual ao que encontramos na natureza, ou que apenas passou por processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, separação, secagem e outros processos similares que não envolvam a adição de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias aos alimento original.
Alimentos processados ou ultraprocessados, por outro lado, não estão incluídos em uma dieta WFPB. Isto significa evitar produtos de cereais altamente refinados (por exemplo, arroz branco, farinha branca), alimentos fabricados pela indústria contendo açúcares adicionados ou edulcorantes artificiais (por exemplo, açúcar de confeiteiro, xarope de milho com alto teor de frutose) e alimentos contendo gordura adicionada.
O Guia Alimentar para a População Brasileira ressalta: “Faça de alimentos in natura ou minimamente processados a base de sua alimentação”. E sugere uma alimentação baseada em plantas e de reduzido consumo de carnes como uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável.
O Guia Alimentar para População Canadense eliminou recentemente carnes e laticínios do grupo de alimentos. Nenhum dos dois textos falam abertamente sobre veg(etari)anismo, mas ter os órgãos responsáveis por manter a população saudável corroborando o poder dos vegetais na nossa saúde é incrível.
A WFPBD não inclui carnes, laticínios ou ovos e é considerada o único padrão alimentar capaz de interromper (e até mesmo reverter) o processo aterosclerótico coronariano, e encontram-se outros resultados positivos na literatura, como redução dos níveis séricos de colesterol, redução de risco e prevalência de doença cardiovascular, hipertensão arterial, diversos tipos de câncer e diabetes tipo 2.
Algumas populações mundiais são estudadas pela maior longevidade e melhor qualidade de vida. São diferentes regiões espalhadas pelo mundo chamadas Blue Zones e, apesar de serem regiões e culturas diferentes, muitos têm uma vida além dos 100 anos com muita saúde, felicidade e longe de doenças tão presentes no nosso cenário atual. Suas populações apresentam pontos em comum, incluindo uma dieta muito próxima do modelo mediterrâneo, atividade física diária e uma atitude positiva em relação à vida.
A dieta dos moradores das Blue Zones é 95% plant-based, ou seja, composta por alimentos vegetais íntegros: frutas, vegetais, cereais, leguminosas, tofu, oleaginosas e sementes. Valorizam as fontes vegetais e reduzem o consumo de produtos de origem animal e processados e ultraprocessados.
Porque WFPBD não é considerada uma alimentação vegana?
A alimentação vegana é a exclusão de produtos de origem animal da dieta, mas pode incluir alimentos processados e ultraprocessados. Apesar de percebermos um aumento de produtos com apelo natural (sem conservantes, não geneticamente modificado, orgânicos), também existe um aumento de produtos alimentícios veganos nas prateleiras dos supermercados. Como todo produto industrializado, possui em seus ingredientes conservantes, estabilizantes, que aumentam o tempo de prateleira e permitem que sejam estocados, por outro lado podem trazer prejuízos à saúde.
Algumas marcas apenas retiram os produtos de origem animal presente anteriormente ou reformulam para uma versão vegana, o que não quer dizer que sendo vegano é saudável e deve estar presente diariamente no nosso prato.
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